Em junho de 2013 comprei pela internet, sementes de cinco tipos de cabaça. A escolha foi difícil pois a vendedora dispunha de 10 variedades, todas exóticas, singulares e com os tamanhos mais variados. Entretanto no espaço do plantio não caberiam todas elas. Plantei-as entre setembro e novembro, o início da estação chuvosa aqui no sudeste brasileiro.
Acompanhei a cada semana o desenvolver dessas plantas e como tudo o que agente cultiva, acabei tratando-as como filhas, dedicando-lhes todos os devidos cuidados e até um pouco mais. Ver todas aquelas cabaças espalhadas pelo quintal foi de um contentamento indescritível.
As cabaças ( Lagenária vulgaris ) são muito conhecidas e utilizadas pelos humanos desde épocas remotas, como utensílio doméstico, na música, religião e também no artesanato. Foram encontrados vestígios de sua utilização em todos os cinco continentes, desde a pré-história. Elas são da mesma família das abóboras, melancias, melões, maxixes, pepinos e xuxús, as cucurbitáceas. Alíás, até que ela produza seus frutos e estes comecem a secar no pé, muitos pensam tratar-se de um pé de abóbora.
Existe um grupo de plantas que se utilizam dos rios e correntes marítimas para transportar suas sementes. Deixam seus frutos secos ou a própria semente cair na água corrente a flutuar por meses ou até anos. As cabaças estão nesse grupo e pesquisas apontam para este, o motivo delas estarem tão disseminadas e espalhadas por todos os continentes.
É um dos principais elementos no ritual Ipadê de Exu (gravura de Carybé) |
Pintura chinesa |
Há algo de encantado e misterioso nesta planta, desde o seu pé se espalhando e cobrindo todo o chão onde se encontra com suas folhas enormes e viçosas, até o surgimento de seus frutos, que parecem conter e guardar algo sempre precioso, valioso, estimulante...ou talvez feito pra conter coisas assim.
Esta espécie possui dezenas de variedades, de muitas formas e tamanhos, adquiridos no processo de adaptação aos diferentes locais onde ela foi parar, em torno do globo. Na hora do plantio é preciso tomar o cuidado de deixá-las o mais longe possível, um tipo do outro, pois esses tipos se cruzam entre sí podendo resultar em frutos diferentes dos que se pretendia. Aconteceu comigo, em uma das ramas de um tipo começou a nascer cabaças de outro tipo que estava plantado a uns 20 metros de distância. Talvez também essas sementes já tenham vindo cruzadas, uma vez que a vendedora cultiva várias espécies. Vale aqui a regra de distanciá-las entre sí, o máximo possível.
Esta planta tem ciclo anual e seus frutos começam a madurar depois que ela seca e morre. Comecei a colher no mês de maio e só agora, mais de dez meses depois de plantadas é que estou terminando de colher as minhas.
A exótica e esquisita cabaça-jacaré |
Semeei tábuas
Nasceram-me cordas,
Recolhi tonéis,
Adivinhai bacharéis?
( quadrinha popular de adivinhação, cuja resposta é: CABAÇA ) Adivinhai bacharéis?
Porongo, porunga, coité, cuité, cabaceira, cabaça amargosa, abóbora dágua, taquera, cuia, cumbuca são alguns dos nomes como é conhecida no Brasil.
Bem, agora encontro-me diante de muitas possibilidades para confeccionar novas peças, então, mãos a obra...
Limpas e raspadas |
O primeiro foi esse mini chekerê, que a dançarina afro Iara Mansini me ensinou e enquanto confeccionava, fiz um vídeo tutorial do Xequere / Agbê, que pode ser visto aqui:
assista o tutorial Xequerê / Agbê |
DESCUBRA CURIOSIDADES SURPREENDENTES SOBRE A VIDA E A UTILIDADE DAS SEMENTES EMPREGADAS NO GeoAtelier