23 de abril de 2014

Capim rosário, um cereal multiuso


Semente verde de rosário

  Coix lacryma

pé e semente verde de rosário (Coix lácrima)



Capim-rosário, capim-de-lágrima, lágrima-de-nossa-senhora, lágrimas-de-jó, conta, trigo de israel.,
Quando menino, me lembro bem. Infância na roça e naqueles tempos, os brinquedos eram bodoques, bonecos de barro, amarelinha, pega-pega dentro do riacho, sacudir galho com casa de marimbondo... e aquelas sementinhas brancas que eu gostava de ficar arrancando da moita, que me parecia um grande pé de capim. Enchia as mãos e os bolsos como quem conquistasse um grande tesouro e depois ficava atirando uma a uma, em tudo  que se mexia, fosse bicho ou gente (ah,moleque).


Grãos de  Coix lacryma  com diferentes cores

Hoje é com muita admiração e reverência que volto a coletar e cultivar essa magnífica semente. Quando é tempo de colheita, torno a encher minhas mãos só pra voltar a sentir, pra voltar a lembrar e "saborear" aqueles tempos de menino.

plantando sementes de rosário
semeando

O capim rosário realmente merece uma reverência especial por tantos serviços prestados á humanidade. É um cereal e contém em sua semente um grande teor de proteínas e carboidratos. Serve de alimento na fabricação de farinha para pães, bolos, mingaus e sopas. 

grão de Coix lacryma  cortado ao meio
Por dentro da dura casca, o grão de cereal ainda envolvido pela palha.

grão do cereal de Coix lacryma  sem a casca
Aqui já sem a palha, o cereal com cerca de 5 mm. 


Suas folhas são usadas como forragem para animais, seus talos na confecção de esteiras e artesanato trançado e toda a planta tem um largo uso na medicina caseira, conhecendo-se mais de 20 aplicações medicinais. Um de seus princípios ativos é aplicado no tratamento ao mal-de-parkinsom. De quebra ainda fornece fécula opcional para a fabricação de cerveja.


Touceira de  Coix lacryma  com grãos maduros
Em ponto de colheita.


Ela veio da África e Ásia tropical mas desde que chegou por aqui, trazida por escravos e imigrantes, é amplamente utilizada por nossos índios e caboclos, principalmente no artesanato, pois a virtuosa já vem polida e furada. Acredita-se que o nome de "lágrima" refere-se a sua forma, semelhante a uma gota e o nome de "nossa senhora", claro por ter vindo daquelas bandas do oriente-médio, cenário e origem do cristianismo.

Semente verde de rosário, em plano macro

Um pé enquanto cresce, vai soltando brotos laterais e se torna uma grande moita de até 2,5m. de altura. Então suas pontas se enchem de pequenas flores, típicas dos cereais e aos poucos as bases dessas flores vão se arredondando e formando os frutos, que no caso dos cereais se confundem com as sementes. Depois de alguns dias a grande maioria deles ficam negros, ficaram maduros e é hora de colhê-los. 



Uma pequena parte adiquire a cor branca...



... e uma parcela menor ainda ficam marrons.


Recém colhidas




No atelier o uso do rosário encontra muitas possibilidades. A belezinha já vem furada e polida.


gargantilha de semente de rosário (Coix lácrima)
Gargantilha GR101 -Coleção Araucária



Colar, pingente e brinco de rosário (Coix lácrima) com bambú
Colar médio / pingente / brinco  CO 1


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7 de abril de 2014

Coquinhos da palmeira Jerivá


Pé de palmeira jerivá (Syagrus romanzoffiana)
Ao lado da Casa da Cultura Macedo Miranda
Esta é a Syagrus romanzoffiana, mais conhecida como Jerivá, outra palmeira notável. Também é conhecida por Jeribá ou coquinho-de-cachorro, apreciados os seus frutos até por cães. Também chamada de baba-de-boi ou coco catarro, devido aos fios resinosos produzidos pela planta, lembrando a baba dos bois. Originária da mata atlântica encontra-se porém até no bioma cerrado e outros biomas em vários países da América do Sul,  tanto em ambiente rural quanto urbano, onde é bastante aproveitada no paisagismo.
Em Resende  pra todos os lados que caminhamos vamos encontrá-la, desde exemplares muito antigos, com mais de 50 anos, na parte histórica da cidade e  entornos,  quanto em novos espaços,  adornando  quintais e jardins  particulares, bem como  em espaços  públicos onde também continua bastante cobiçada devido a sua exótica beleza ornamental.

Pés jovens de palmeira jerivá (Syagrus romanzoffiana)
Jerivás jovens em frente a um novo condomínio na Estrada da Limeira

pés jovens de palmeira jerivá em rodoviária de Resende RJ
Rodoviária Graal: outros tantos plantados recentemente,





Pés jovens de palmeira jerivá na orla do calçadão, Resende RJ

Na revitalização da avenida Nova Resende, a administração pública acertou:  um novo calçadão com bancos, sombra na beira do rio e 10 pés de jerivá entremeando os postes de iluminação.

Pés jovens de palmeira jerivá na orla do calçadão, Resende RJ


Cachos de cocos da palmeira jerivá (Syagrus romanzoffiana)

Produz cerca de 6 cachos de coquinhos ao longo do ano, o que pode render mais de 140 quilos por pé. Esses coquinhos cor-de-laranja não passam dos 3 cm. de diâmetro e tem sua parte externa carnosa e adocicada, muito apreciados por diversas espécies de pássaros, animais e pela criançada, denotando sua grande importância ecológica.

Cachos de cocos da palmeira jerivá (Syagrus romanzoffiana)
Nem preciso  mencionar o que acontece com essas enormes quantidades de coquinhos caídos ao chão, dentro dos limites urbanos, depois que passa o pessoal da limpeza pública. Daqui a pouco vai acabar surgindo mais um brasileiro brilhante ensinando a aproveitar essa enorme quantidade de coquinhos que caem nos limites das cidades brasileiras. 
Bem, essa palmeira é realmente de grande importância pois suas folhas servem na alimentação de cavalos, seu tronco é madeiramento para telhados e piers em atracadouros marinhos, possui um palmito e de sua amêndoa se extrai óleo comestível e medicinal, podendo ser utilizado inclusive como biodiesel.


Flores da palmeira jerivá
Abelha polinizando flores
E tem mais, suas flores insurgem do interior de um invólucro em forma de canoa, formando um cacho amarelo-creme belíssimo e visível de longa distância. Essas flores são muito visitadas por algumas espécies de abelhas nativas e outros insetos como fonte de pólem, garantindo a todos eles uma grande fonte de proteínas.  

Flores da palmeira jerivá
Flores se abrindo a partir do invólucro

O invólucro em forma de canôa é também utilizado em artesanato. Aqui  em Rezende o artista plástico Walber Barbosa produz a anos, maravilhosas luminárias a partir dessas canôas florais. O estúdio GeoAtelier produziu um vídeo com o Walber em 2007, mostrando o seu trabalho e está acessível no link abaixo:

Luminária a partir de canoas florais da palmeira jerivá
Luminárias de Walber Barbosa

Tronco da palmeira jerivá e cocos caídos ao chão
Qualidades muitas, a que aqui nos interessa, é da parte interna do fruto, ou endocarpo, a que envolve a amêndoa. Realmente dura e resistente encontra grande aplicação na produção de brincos e colares, servindo de conta, com seu formato ovalado. Como a maioria dos cocos, se retirados ainda devez apresenta seu endocarpo bem clarinho enquanto que depois de maduros e fermentados, chega a um marrom escuro, quase preto, atribuindo maior variação na confecção das peças. 

Coco maduro e semente da palmeira jerivá (Syagrus romanzoffiana)


Brinco a partir de coco da palmeira jerivá
Brinco endocarpo de Jerivá e Brejaúva



 acessórios de cocos de jerivá e brejaúva: resistência e delicadeza



Palmeira jerivá  e muitos cocos ao chão em Alto dos Passos, Resende RJ
Em frente e ao lado do cemitério municipal, no Alto dos Passos

Cocos de jerivá ao chão  em Alto dos Passos, Resende RJ


Diversas palmeiras de jerivá  em Alto dos Passos, Resende RJ





Pé de palmeira jerivá (Syagrus romanzoffiana)

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