Conhecida como guapuruvu ou ficheira, esta árvore de grande porte e de vida curta selecionou uma maneira muito peculiar para se propagar: crescer muito rapidamente, ultrapassar a copa das árvores vizinhas e lançar suas sementes aladas, para serem transportadas pelo vento a grandes distâncias. Essas sementes tem a capacidade de permanecer no solo por muitos anos adormecidas, esperando até que o ambiente esteja favorável para só então germinarem.
Exemplar jovem em início de floração, no bairro Areial -Resende RJ |
Conheci esta árvore muito antes de me interessar por suas sementes. Em 2001 fiz um trabalho e morei por quase um ano em Ilha Grande -Angra dos Reis RJ, e foi lá que conhecí os guapuruvús. Me chamaram a atenção porque onde quer que eu caminhasse, volta e meia me deparava com aquelas árvores enormes, com uns 30 metros de altura, secando como se estivessem adoecidas, e muitas já secas e mortas. Perguntei para os amigos e moradores e muitos diziam que se tratava de uma doença, mas ninguém me satisfez n'uma resposta para tantos guapuruvús mortos e ainda em pé. Só encontrei a explicação alguns bons anos depois, também por acaso: pode ter havido mesmo alguma doença mas pelo tamanho colossal, boa parte deles chegaram ao final de suas vidas pois esta espécie tem um ciclo de vida muito curto, se tratando de uma árvore tão grande. Sua existência dura cerca de 40 anos!
Então esta espécie sobrevive de maneira pouco comum entre as árvores de grande porte: cresce muito e cresce rápido, vive pouco mas lança sementes ao vento, que podem guardar-se vivas por mais de dez anos, esperando pelo melhor momento para germinarem.
Dentro da fava acha-se este invólucro, que pode transportar a semente pelo vento a grandes distâncias. |
Sua madeira é clara, extremamente leve e quebradiça, não devendo ser plantado próximo de casas e edificações. Mas por esses mesmos motivos, também é empregada para construção de canoas, por nossos índios e sertanejos ribeirinhos. O nome Guapuruvú vem do tupi e conta com duas versões para seu significado: "galho que o vento quebra" e "canoa que brota do chão". Deste segundo nome teria derivado o dito popular: com quantos paus se faz uma canoa.
Canoa que brota do chão ! |
Galho que o vento quebra ! |
É nativa do Brasil e ocorre do estado do Espírito Santo até Santa Catarina em regiões próximas ao litoral, onde é conhecida também por: ficheira, pau-de-canoa, pau-de-tamanco, faveira, pataqueira, gabiruvu, guapururu, igarapobu, guarivovo, paricá, etc. O nome específico parahyba (Schizolobium) se refere ao rio Paraíba onde foi vista pela primeira vez (Velozzo/Rodrigues).
No paisagismo urbano seu tamanho logo se destaca ( saída da ponte Miguel Couto Filho) |
Foi eleita a árvore símbolo de Florianópolis, no estado de Santa Catarina.
Suas sementes são achatadas, chegando aos 3cm. de comprimento e duríssimas. De coloração marrom e brilho acetinado são perfeitas para o artesanato, podendo ser perfuradas em diversos sentidos, ampliando suas possibilidades estéticas.
Brinco BR024 |
Conjunto colar + brinco CJ 201 |
Nem preciso dizer que o objetivo destas páginas é apenas fornecer algumas noções e curiosidades a respeito das sementes com que trabalho, entre as que encontrei aqui em Resende-RJ. As melhores informações sobre o Guapuruvú você vai achar nesta pg. da Embrapa - florestas: www.cnpf.embrapa.br/publica/circtec/edicoes/circ-tec104.pdf
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