29 de outubro de 2014

Abajures de Cabaça, metal e LED - Gourd Lamps

Abajur exótico de cabaça e LED -decoração rural

Não sei quem foi que disse que nesse mundo "nada se cria, tudo se copia".,,
 Tenho de concordar, uma vez que qualquer impulso criativo que tenhamos, tem de se basear no que já conhecemos, nas experiências adquiridas e nos arquivos de nossas memórias, conscientes ou mesmo inconscientes...
E não somos nós mesmos um imenso aglomerado de registros desoxirribonucleicos ???
Bem, mas afinal  pra que tanta volta e o que todo esse palavreado tem a ver com minhas recentes criações, os abajures e luminárias de cabaça e led?
Simples presumir que as copiei de algum lugar, e vou logo dizendo que "sim". Foi no miraculoso YouTube, onde de tudo se acha, que encontrei alguns modelos surpreendentes onde baseei a minha inspiração. Inspiração compartilhada, mas nem por isso menos original. 
Quando plantei meus 5 pés de cabaça, em 2013, já tinha em mente a possibilidade de construir umas luminárias com elas, mas jamais eu poderia ter imaginado que essas luminárias de cabaça pudessem ser tão encantadoras.

cabaça verde em seu pé enramado

A colheita foi boa, os pezinhos me renderam 158 cabaças de 5 tipos e tamanhos diferentes e agora tem material á vontade para exercitar a tal criatividade (com direito a cópia, hehehe).
O que mais chamou minha atenção foram os inúmeros furos formando os desenhos mais variados, deixando transparecer a luz interior e projetando desenhos pelas paredes.

abajur exótico de cabaça e LED

Também gostei demais da incrustação de pedras transparentes e quando me animei a recriar aqueles modelos, (piiimmmm) aí sim, um clarão emergiu das profundas e obscuras camadas da velha e desconhecida mente.  Veio então o impulso criativo: 
-VOU REPRODUZIR UMA LUMINÁRIA COM A MESMA FORMA E LÓGICA DE UM PÉ DE CABAÇA!

um macaco imaginando o abajur de cabaça e LED

Bem, o impulso criativo é rápido, quase instantâneo. Porém, transforma-lo em material palpável e transladá-lo do mundo virtual ao mundo real é outro papo. Foram por volta de três meses de pesquisas e experimentos com diversos materiais complementares, até chegar a um modelo confiável, durável, luminescente e vendável...
Um ponto fundamental é que as cabaças com o tempo são atacadas por brocas e cupins chegando a arruiná-las completamente. Então depois de cortá-las é necessário um tratamento eficaz e duradouro e, após esse tratamento ela tem de ser completamente selada, antes da pintura e acabamento final.

interior de cabaça recortada e tratada

Após o tratamento seguem-se o desenho e a furação. A quantidade de furos faz toda a diferença no custo de cada peça pois cada um deles recebe seu acabamento de modo que vazem a luz adequadamente. A incrustação das pedras também é uma etapa delicada e trabalhosa, requerendo grande habilidade para não inutilizar a peça.

furando a cabaça para o abajur exótico

Decidí pelos LEDs que embora mais caros ganham na conta com suas imensas vantagens relacionadas a grande conversão de energia elétrica em luz e pouco calor, baixo consumo, durabilidade, resistência a pancadas e etc.

espiral de led acesas, para o abajur de cabaça
A espiral  com 30 leds

A haste e as folhas  imitando o pé de cabaça, feitas em ferro e fixadas em um tronco de madeira alavancaram o projeto e deram sua contrapartida, conferindo-lhe grande resistência.

pé do abajur de cabaça

E então, finalmente apenas três meses depois (risos) eis a grande obra prima luminosa:

Abajur exótico de cabaça e LED

Abajur exótico de cabaça  e LED

Abajur exótico de cabaça e LED


Abajur exótico de cabaça  e LED

Maiores detalhes e fotos das luminárias prontas e seus respectivos preços você vai ver aqui:

deetalhe Abajur exótico de cabaça  e LED

Também pode assistir ao vídeo no youtube


22 de outubro de 2014

Brejaúva: brasileira, florestal e muito espinhosa.

Das 16 sementes que descobrí aqui no município resendense, só 3 espécies foram na mata. Quando encontramos no meio da floresta uma touceira bem alta, bastante fechada e esbanjando pra todos os lados milhares de espinhos ameaçadores, podemos ir logo tirando uma conclusão: ali tem alimento saboroso, nutritivo e cobiçado por muitas criaturas da mata!


Pés de brejaúva na mata e seus troncos espinhosos


Astrocaryum aculeatíssimum  é o nome desta palmeira nativa do Brasil, mais conhecida como brejaúva, brejaúba, côco-de-irí, airí e irí, produtora de deliciosos coquinhos de até 5cm. de comprimento e imortalizados na obra de Monteiro Lobato, "Sítio do Pica-pau Amarelo". O famoso escritor nasceu e cresceu na região do Vale do Paraíba, abundante dessa espécie de palmeira e provavelmente registrou nesta parte de sua obra, as lembranças de suas brincadeiras de infância.

                         côco de brejaúva partido ao meio

Seus espinhos (acúleos) recobrem troncos e folhas e chegam a medir 8cm de comprimento, tornando-se mais numerosos na região onde brotam as folhas e, nos meses de dezembro a fevereiro, onde brotam as flores. Essa grande quantidade de espinhos servem de proteção, para manter afastados diversos predadores, pois é nessa região da palmeira que está o seu palmito e onde as flores se transformarão nos deliciosos coquinhos. Algumas formigas se associam com a palmeira, construindo colônias entre os talos de folhas e do cacho de cocos. Ao menor sinal de predação elas caem por cima dos desavisados e "tome picada"!

                          tronco extremamente espinhoso de brejaúva


cacho de côco de brejaúva
Um amigo artesão foi quem me apresentou  esta palmeira, em uma incursão coletando material. Seus frutos tem a forma ovóide lembrando muita a forma de um pião, e assim foram  usados pela meninada do "Sítio-do pica-pau-amarelo", nas brincadeiras de pião de corda. Entre os meses de julho a dezembro esses coquinhos formam belíssimos cachos marrom acamurçado, que depois de maduros vão despencando aos poucos e caindo ao redor da palmeira. Mesmo no chão ainda são protegidos pelos espinhos das folhas que também caem e se misturam a eles, dificultando o acesso para alguns animais.

folha seca e caída de brejaúva
Embaixo da folha espinhosa...

côcos de brejaúva no solo da floresta
...os cocos secos.

côco de brejaúva  recém caído no solo da floresta
Coco recém caído e já sem sua casca, que algum bicho comeu.


Pé e cacho de côco de brejaúva


Os cocos servem de alimento e tem até água em seu interior, muito apreciados pelas crianças em "brincadeiras de comer", brincadeiras nutritivas e terapêuticas, pois suas saborosas amêndoas são bastante oleosas e com propriedades vermífugas. Se colhidas ainda verdes, essas amêndoas tem propriedades laxativas e contra a icterícia.
Ainda hoje, nas feiras de cidades paulistas como, Guaratinguetá, Cunha, Taubaté, Pindamonhangaba e outras, pode-se encontrar os cachos de côco-brejaúva á venda.

                     tronco de brejaúva
                            Pés de brejaúva na mata

A brejaúva é uma palmeira silvestre e brasileiríssima,  natural da mata atlântica sendo encontrada desde o sul  da Bahia até o estado de Santa Catarina, com exceção das regiões de mangue. Sua altura varia de seis a oito metros e com a destruição de seu habitat, as matas, encontra-se bastante ameaçada. Desde muito tempo é conhecida e utilizada pelos nativos e caboclos nas regiões onde ocorre, que usam suas folhas para tecerem chapéus e vassouras. De seu tronco confeccionam arcos, bengalas e cajados e também na confecção de ripas para telhado. Em marcenaria essa madeira muito dura e resistente também é utilizada para a escultura de objetos finos, bem como garfos, colheres e etc.
O gênero botânico astrocaryum abriga cerca de 40 espécies de palmeiras, distribuídas pela américa central e do sul, sendo que algumas dessas espécies encontram-se apenas no Brasil. A brejaúva é uma delas.

espinhos ou acúleos de brejaúva

As bonitas peças artesanais possíveis com seu endocarpo são ao mesmo tempo um chamariz e um alerta: Trata-se de espécie florestal e é grande a quantidade de criaturas que depende de seus coquinhos...
Penso ser justo atribuir um valor bem maior nas peças confeccionadas com espécies nativas nestas condições. Quando vou a essas coletas recolho uma pequena porcentagem do que encontro, geralmente não mais que 30 por cento e também jamais divulgarei o local do "achado".

Brinco de côco de brejaúva
Brinco Coco Brejaúva BR-052
                                                                                           
Modelo Íris Lemes com brinco de côco de brejaúva


Modelo Íris Lemes com brinco de côco de brejaúva



Pés de brejaúva na mata




DESCUBRA CURIOSIDADES SURPREENDENTES SOBRE A VIDA E A UTILIDADE DAS SEMENTES EMPREGADAS NO GeoAtelier
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30 de setembro de 2014

Erythrinas do Brasil ou Mulungús


Erythrina speciosa e  Erythrina velutina



"Se perguntarmos a qualquer pessoa qual é a planta chamada de eritrina ou mulungú, quase ninguém saberá responder, mas se mostrarmos a foto de uma delas florida, quase todo mundo a reconhecerá imediatamente".




flor de erythrina á beira-rio
A imagem desta flor  parece  onipresente ao olhar de todos.


Jamais eu pude imaginar que uma dessas plantas da minha infância iria me fornecer uma das sementes mais belas e exóticas pra eu trabalhar.   Essa descoberta foi ao puro acaso, enquanto caminhava com um amigo também artesão, no bairro do Paraíso, ao de repente nos depararmos com algo diferente caído ao chão.  Instantaneamente fomos atraídos por aqueles feijões vermelho escarlate, ainda presos em suas vagens.


Vagem e sementes de Erythrina ao chão





beija-flor visitando a erythrina


É uma planta intimamente associada a beleza, muito comum em áreas rurais e também usada como planta ornamental no meio urbano, o mulungú  também é conhecido como "corticeira, suinã, sinanduva, canivete, bucaré, muchôco e outros". Acontece que estes nomes populares são dedicados as espécies brasileiras do gênero Erythrina.
Depois que identifiquei aqueles belos feijões vermelhos, descobrí que também havia uma versão marrom. Logo percebi que em Resende sua oferta é bem grande e incorporei-os imediatamente ao meu inventário de sementes.


sementes de Erythrina
 Erythrina speciosa e Erythrina flabelliformis

Pé de Erythrina na beira da passarela, Resende RJ
O mulungú (Erythrina speciosa) cresce até 4 m. como esse exemplar na cabeceira da passarela em Campos Elíseos

Existem espécies que não passam de pequeno arbusto enquanto outras podem utrapassar os 20 metros. Elas são protagonistas de um fator que aumenta muito a sua importância, tanto ecológica quanto estética:  suas flores  não são apenas bonitas, elas também atraem muitas espécies de aves como beija-flor, cambaçica, sanhaço, periquitos e maritacas, abelhas de espécies nativas e européias, além de outros insetos.


pássaro cambaçica na flor de erythrina
A visita da cambaçica


Abelha nativa na flor de Mulungú ou Erythrina
Visita de abelha nativa


O gênero Erythrina compreende 115 espécies de plantas espalhadas por todo o mundo e destas, 70 espécies estão nas Américas. Ocorrem em regiões de clima tropical e até em regiões de clima temperado quente como ao Sul do continente africano, na Cordilheira do Himalaia e a sudeste dos Estados Unidos.


 Erythrina velutina florida na serra da mantiqueira
Erythrina velutina, contrastando as cores  na Serra da Mantiqueira, onde ocorre com frequência.


 Erythrina velutina florida
Erythrina velutina





   
Existem 12 espécies de Erythrinas brasileiras e só na região nordeste ocorrem 8 espécies, que também podem ser chamadas de flor-de-candelabro devido ao formato de candelabro de seus belíssimos cachos de flores, de um vermelho vivo ou alaranjado. Outra característica marcante dessa beldade é que no período de floração perde todas as folhas, ficando apenas evidente os muitos cachos de um vermelho intenso e sedutor. O nome deste gênero de plantas tem origem no alfabeto grego, onde  "erythros" significa "vermelho". São inclusive maceradas para obtenção de corante no tingimento de tecidos.

 Erythrina velutina ou flor-de-candelabro
Flor-de-candelabro

 vagens verdes de Erythrina speciosa
Vagens ainda verdes

   vagens secas e flores de Erythrina speciosa
                                   Vagens secas,  já sem as sementes




Beija-flor no galho de Erythrina speciosa
Um dos frequentadores, o Beija flor Tesoura


Pé de Erythrina com vagens verdes na beira da passarela, Resende RJ



Pé de Erythrina na beira-rio, Resende RJ
Essa Erythrina velutina do parque Zumbi tem cerca de 20m. altura

Pé de Erythrina na beira-rio, Resende RJ
A mesma, vista do outro lado do rio
O nome  mulungu vem do tupi, mussungú  e do africano mulungu, que significa “pandeiro”, possivelmente pela batida no seu tronco oco emitir som. Foram eleitas as árvores símbolo da  Embrapa Agrobiologia  por possuírem diversas aplicações agrobiológicas.  Produz alcalóides do grupo curare, utilizado pelos índios nas pescarias, para entorpecer os peixes. Sua casca é usada na medicina popular contra a tosse e afecções bucais.











Mulungú ou Erythrina e suas flore na beira-rio, Resende RJ



Beija-flor tesoura na flor de  Erytrina


Beija-flor tesoura no galho de  Erytrina



Beija-flor visitando flor de  Erytrina




flores de  Erytrina ou mulungú na cidade, Resende RJ

























colar com sementes vermelhas de  Erytrina ou mulungú
conjunto colar/pulseira CJ203




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